terça-feira, 28 de agosto de 2012

Kreatu Omnis - O nascimento de tudo



Kreatu Omnis
                Kreatu Omnis, que significa, numa tradução simplificada, A Criação, é um livro que conta toda a história de Kordus. Não se sabe quem escreveu as primeiras páginas do livro, que relatam fatos antes mesmo do nascimento dos elfos, mas acredita-se que os elfos escreveram ouvindo histórias dos próprios deuses quando esses deuses ainda caminhavam livremente por Kordus, mas é sabido que as centenas de páginas a seguir foram escritas através das eras pelas mais variadas línguas e raças relatando tudo que viam. A seguir serão descritas as palavras das primeiras páginas do Kreatu Omnis.

 Nativinum
No início Eternus, senhor do tempo, Vacum, senhor do nada e Mera, senhora do espaço ocupavam os três cantos do mundo, e assim foi por muito tempo, tempo esse que não pode ser escrito ou entendido nem pela mais genial das mentes.
Entediado, Eternus visitou Mera e assim tiveram vários filhos.
O primeiro filho de Eternus e Mera foi Kor, o deus da terra. Kor era rude, porém muito paciente. A companhia de seus pais não lhe agradava mais, então viajou por tempos e tempos até o centro de toda a extensão. Cansado criou uma grande sustentação para repousar. A essa sustentação ele deu o nome de Kordus, que significa Casa de Kor.
O segundo filho de Eternus e Mera foi Vandor, o deus das águas. Vandor era um deus ardiloso e de temperamento imperturbável. Conhecendo o paradeiro de seu irmão mais velho Vandor viajou a seu encontro. Vendo a sustentação criada por seu irmão, Vandor a achou seca e sem graça, então criou inúmeros lugares espalhados por todo mundo de onde água jorrava em abundância, a esses lugares Vandor chamou de nascentes.
O terceiro filho de Eternus e Mera foi Tanar-Shanar, o deus do fogo. Tanar-Shanar era um deus impetuoso e inconseqüente. Viajou por toda a abóboda do mundo atrás de algo além de escuridão, mas encontrou apenas seus irmãos em uma sustentação no centro do mundo. Tanar-Shanar, achando tudo aquilo muito escuro e frio, criou um globo de fogo que pairava no céu aquecendo toda a sustentação. O calor era tanto que seus irmãos entraram em acordo com Tanar-Shanar: já que ambos haviam criado algo ele também teria direito de manter sua criação, desde que o globo de fogo não os incomodasse. Tanar-Shanar então decidiu que manteria o globo de fogo por um tempo e então o retiraria pelo mesmo período de tempo. E assim foi feito, e Tanar-Shanar deu o nome ao globo de fogo de Sol.
O quarto filho de Eternus e Mera foi Rih-Ajar, a deusa do ar. Rih-Ajar era uma deusa criativa e comunicativa. Cansada das conversas com seus pais, Rih-Ajar procurou seus irmãos no centro do mundo. Rih-Ajar gostou tanto do que viu que resolveu ficar na sustentação e nunca mais voltar para os confins do mundo. Como todos haviam criado algo, Rih-Ajar se sentiu tentada a criar também. Então, Rih-Ajar encheu a sustentação com seu sopro. Seus irmãos aprovaram a criação e assim se fez os ventos.
O quinto filho de Eternus e Mera foi Vitae, a deusa da vida. Vitae era uma filha amorosa. Conviveu com seus pais por muito tempo até que seus irmãos a convidaram para a sustentação que haviam criado. Vitae achou tudo maravilhoso e encantador, mas ainda faltava algo. Vitae encheu a sustentação com vida, florestas inteiras floresceram, peixes habitaram os rios e animais estavam por toda a parte da sustentação.
Os cinco filhos de Eternus e Mera habitaram Kordus por muito tempo. Caminhavam sempre por entre as árvores e plantas, e tinham longas conversas com elas.
Mas Vitae achou que algo além podia ser feito e com uma gota de sua saliva misturada com folhas de árvore de carvalho criou seres a sua imagem. Eles eram belos e graciosos e assim deveriam permanecer por todo o sempre, a esses seres Vitae chamou de Elfos.
Os elfos se espalharam e se multiplicaram por toda Kordus. Os deuses agora procuravam os elfos para transmitirem todos seus conhecimentos e desfrutarem de suas companhias.
E assim foi por longos tempos.

Genus
Os elfos construíram cidades e palácios que se misturavam com as grandes árvores das florestas. Tanto os deuses quanto as árvores desfrutavam da companhia desses seres tão maravilhosos. Os elfos eram os únicos seres capazes de criações magníficas como música, poesia, comidas deliciosas e vinhos. As árvores adoravam suas lindas músicas e os deuses apreciavam seu maravilhoso vinho, com o tempo as visitas dos deuses se tornaram cada vez mais freqüentes e íntimas. Eles se ludibriaram com a beleza dos elfos e tiveram filhos.
          Kor teve dois filhos, Garganuth e Corrach. Corrach era rude como o pai, mas bondoso e justo. Corrach nasceu com a aparência que foi abominada pelos belos deuses e elfos, e logo o deus bondoso se isolou nas profundezas das montanhas. Sozinho, Corrach, abrindo mão de seu olho direito, criou seres a sua semelhança. Corrach os chamou de Anacorrach, que na língua dos antigos deuses significa filhos de Corrach, mas os outros deuses os chamavam de Anões, devido sua baixa estatura. Assim como o criador, esses seres eram rudes e não gostavam da vida que os elfos levavam e os elfos não suportavam o mau humor dos anões, então foram habitar as montanhas na companhia de Corrach, longe das músicas dos elfos e das companhias dos outros deuses. Garganuth era poderoso e tinha o tamanho de uma pequena montanha, seus passos faziam a terra tremer e sua ira era quase incontrolável. O deus era impetuoso, imprudente e incontrolável e causava grande destruição a Kordus, então o deus foi banido para locais longínquos nos mais altos picos para lá ficar pela eternidade.
          Vandor teve um único filho: Ibenma. Assim como o pai, Ibenma era belo e de temperamento calmo, mas quando contrariado se enfurecia facilmente. Apesar de apreciar a companhia dos deuses Ibenma preferia se banhar nas limpas e claras águas criadas por seu pai, onde passava a maior parte do tempo.
          Tanar-Shanar teve dois filhos, Tanar-Quitir e Guilack. Tanar-Quitir, assim como o pai, era impetuoso e inconseqüente, além disso, Tanar-Quitir também era violento. O deus violento recebeu essa fama ao sempre provocar brigas entre os deuses apenas por diversão. Guilack era poderoso, grande e muito forte. Seu corpo poderoso unido a seus quatro braços faziam de Guilack um deus imbatível em combate, tanto os elfos quanto os anões apreciavam os ensinamentos de Guilack e esse deus passava mais tempo com as criações do que com os deuses.
          Rih-Ajar teve dois filhos: Rih-Jaggar e Lys. Rih-Jaggar tinha o temperamento tranqüilo e era muito curioso, foi o único dos deuses a caminhar por todos os cinco cantos de Kordus, conheceu cada canto, cada árvore, cada buraco e cada nascente, Rih-Jaggar ficou conhecido como o deus nômade. Lys era uma deusa belíssima, a mais bela e cobiçada de todos os seres, e também muito amorosa e carinhosa.
Vitae teve um único filho: Tel-Bedem. Os outros deuses não sabem quem é o pai de Tel-Bedem, mas sabe-se que não é um dos elfos. Por ser o mais poderoso dos novos deuses, Tel-Bedem era um deus justo e usava seu poder para resolver problemas entre os elfos, os anões e até entre os próprios deuses. Usando de seu incrível poder Tel-Bedem pegou terra da mais profunda caverna e a jogou na nascente da mais alta montanha de Kordus, e com uma gota de seu sangue deu vida a seres magníficos. Esses seres eram criativos, alegres, trabalhadores e habitaram todos os cantos de Kordus. A esses seres Tel-Bedem chamou de Homens.
         


Luctatum
Os homens se espalharam por cada canto de Kordus, desde as Planícies Eternas, o Deserto do Sol, os Grandes Picos a até as mais longínquas florestas. Usaram de sua criatividade e inventividade para se adaptarem a todos os tipos de terreno. Mas os homens avançaram muito tomando terrenos das árvores, dos elfos e dos anões e isso despertou a ira de tais criaturas.
          Em uma tentativa de construir uma cidade na montanha de Barlavento os anões que ali habitavam resistiram e houve peleja. Pela primeira vez uma vida inteligente foi tirada e do primeiro sangue derramado pelo ódio nasceu Her-Iortza-Mewk, a sombra do mal.
Mewk se alimentou do ódio e do sangue derramado naquela peleja e se fortaleceu. Com o poder adquirido o senhor das sombras encheu o mundo de animais peçonhentos, criaturas da noite e seres malignos.
Vitae, a deusa da vida se entristeceu e se retirou para o centro de Kordus, onde chorou por longos cem anos. Suas lágrimas salgadas encheram toda a Kordus criando inúmeras separações de terras. O local da grande concentração de água ficou conhecido como Os Cem Anos de Lágrimas, mas com o passar dos anos o local passou a ser chamado de Oceano das Lágrimas. As lágrimas da grande deusa criaram vida em toda a extensão de água, mas essa vida era selvagem assim como seu pranto. Vitae tirou dos homens e dos anões a parte da vida eterna que lhes fora concedida e como castigo todos iriam ter que enfrentar, mais cedo ou mais tarde, o toque gelado da morte.
Os cinco deuses antigos uniram seus poderes e criaram um local chamado Raw-Tath, que significa abaixo de tudo na língua antiga. A partir daquele momento quando um ser vivo morresse sua alma seria guiada por seres malignos criados por Mewk até o Raw-Tath para o sofrimento eterno e Mewk guardaria a entrada e a saída para que ninguém que entrasse pudesse sair.
Os cinco grandes deuses criaram também por cima de Kordus um local que chamaram de Gemna, nesse local havia palácios de ouro e rios por onde escorriam pós de diamantes. Cinco pilares ao redor de Kordus foram construídos para manter Gemna acima das nuvens e longe dos olhos de todos os habitantes de Kordus. Então os cinco grandes deuses foram habitar em Gemna e dessa sustentação passaram a observar os habitantes de Kordus. Os deuses criaram seres bondosos chamados de Inqallat, criaturas com livre acesso a Gemna e Kordus. Os Inqallat ficaram responsáveis em guiar as almas daqueles que merecessem um lugar em Gemna para viver eternamente na companhia dos cinco grandes deuses.  
Além do castigo criado pelos deuses antigos, os deuses castigavam as criaturas de Kordus ainda em vida com tempestades, relâmpagos, terremotos, furacões, neves, vulcões e tudo aquilo que estremecesse os corações de todos os seres vivos de Kordus.
Para acalmar os deuses essas criaturas construíram templos, estátuas e cidades inteiras em homenagem a esses deuses e sempre ofereciam sacrifícios e adorações nesses locais. Muitas vezes os deuses aceitavam tais oferendas e os males do mundo diminuíam, mas tantas outras vezes os deuses negavam tais oferendas e castigavam o mundo com o pior que tinham.
Com o mundo cheio de maldade e injustiças Tel-Bedem escolheu o mais justo e sábio dos elfos, aquele que os chamavam de Galionan, e lhe concedeu poderes próximos aos seus. Tel-Bedem passou a chamá-lo de Caateo, que na língua antiga significa Protetor, e lhe deu o dever de proteger tudo que fosse indefeso. Caateo ficou conhecido como o protetor das matas e dos animais.
Os deuses se uniram e criaram na mais alta montanha de Kordus um palácio do mais puro mármore branco e o chamaram de Gholijiet, que significa na língua antiga Casa dos deuses. Gholijiet era o local onde os deuses passavam a maior parte de seus tempos, tramando, discutindo e festejando.
Tel-Bedem, por possuir maior poder entre os deuses, se autonomeou líder dos deuses e nada podia ser feito sem seu consentimento.
Os deuses abandonaram os seres de Kordus a própria sorte, vontade e ambição deles mesmos, e até as árvores preferiram não falar mais.
E assim se deu a Primeira Era de Kordus.

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