Kreatu Omnis
Kreatu Omnis, que significa,
numa tradução simplificada, A Criação, é um livro que conta toda a história de
Kordus. Não se sabe quem escreveu as primeiras páginas do livro, que relatam
fatos antes mesmo do nascimento dos elfos, mas acredita-se que os elfos
escreveram ouvindo histórias dos próprios deuses quando esses deuses ainda
caminhavam livremente por Kordus, mas é sabido que as centenas de páginas a
seguir foram escritas através das eras pelas mais variadas línguas e raças
relatando tudo que viam. A seguir serão descritas as palavras das primeiras
páginas do Kreatu Omnis.
Nativinum
No início Eternus, senhor do
tempo, Vacum, senhor do nada e Mera, senhora do espaço ocupavam os três cantos
do mundo, e assim foi por muito tempo, tempo esse que não pode ser escrito ou
entendido nem pela mais genial das mentes.
Entediado, Eternus visitou
Mera e assim tiveram vários filhos.
O primeiro filho de Eternus e
Mera foi Kor, o deus da terra. Kor era rude, porém muito paciente. A companhia
de seus pais não lhe agradava mais, então viajou por tempos e tempos até o
centro de toda a extensão. Cansado criou uma grande sustentação para repousar.
A essa sustentação ele deu o nome de Kordus, que significa Casa de Kor.
O segundo filho de Eternus e
Mera foi Vandor, o deus das águas. Vandor era um deus ardiloso e de
temperamento imperturbável. Conhecendo o paradeiro de seu irmão mais velho
Vandor viajou a seu encontro. Vendo a sustentação criada por seu irmão, Vandor
a achou seca e sem graça, então criou inúmeros lugares espalhados por todo
mundo de onde água jorrava em abundância, a esses lugares Vandor chamou de
nascentes.
O terceiro filho de Eternus e
Mera foi Tanar-Shanar, o deus do fogo. Tanar-Shanar era um deus impetuoso e inconseqüente.
Viajou por toda a abóboda do mundo atrás de algo além de escuridão, mas
encontrou apenas seus irmãos em uma sustentação no centro do mundo.
Tanar-Shanar, achando tudo aquilo muito escuro e frio, criou um globo de fogo
que pairava no céu aquecendo toda a sustentação. O calor era tanto que seus
irmãos entraram em acordo com Tanar-Shanar: já que ambos haviam criado algo ele
também teria direito de manter sua criação, desde que o globo de fogo não os
incomodasse. Tanar-Shanar então decidiu que manteria o globo de fogo por um
tempo e então o retiraria pelo mesmo período de tempo. E assim foi feito, e
Tanar-Shanar deu o nome ao globo de fogo de Sol.
O quarto filho de Eternus e
Mera foi Rih-Ajar, a deusa do ar. Rih-Ajar era uma deusa criativa e comunicativa.
Cansada das conversas com seus pais, Rih-Ajar procurou seus irmãos no centro do
mundo. Rih-Ajar gostou tanto do que viu que resolveu ficar na sustentação e
nunca mais voltar para os confins do mundo. Como todos haviam criado algo, Rih-Ajar
se sentiu tentada a criar também. Então, Rih-Ajar encheu a sustentação com seu
sopro. Seus irmãos aprovaram a criação e assim se fez os ventos.
O quinto filho de Eternus e
Mera foi Vitae, a deusa da vida. Vitae era uma filha amorosa. Conviveu com seus
pais por muito tempo até que seus irmãos a convidaram para a sustentação que
haviam criado. Vitae achou tudo maravilhoso e encantador, mas ainda faltava
algo. Vitae encheu a sustentação com vida, florestas inteiras floresceram,
peixes habitaram os rios e animais estavam por toda a parte da sustentação.
Os cinco filhos de Eternus e
Mera habitaram Kordus por muito tempo. Caminhavam sempre por entre as árvores e
plantas, e tinham longas conversas com elas.
Mas Vitae achou que algo além
podia ser feito e com uma gota de sua saliva misturada com folhas de árvore de
carvalho criou seres a sua imagem. Eles eram belos e graciosos e assim deveriam
permanecer por todo o sempre, a esses seres Vitae chamou de Elfos.
Os elfos se espalharam e se
multiplicaram por toda Kordus. Os deuses agora procuravam os elfos para
transmitirem todos seus conhecimentos e desfrutarem de suas companhias.
E assim foi por longos
tempos.
Genus
Os elfos construíram cidades
e palácios que se misturavam com as grandes árvores das florestas. Tanto os
deuses quanto as árvores desfrutavam da companhia desses seres tão
maravilhosos. Os elfos eram os únicos seres capazes de criações magníficas como
música, poesia, comidas deliciosas e vinhos. As árvores adoravam suas lindas
músicas e os deuses apreciavam seu maravilhoso vinho, com o tempo as visitas
dos deuses se tornaram cada vez mais freqüentes e íntimas. Eles se ludibriaram
com a beleza dos elfos e tiveram filhos.
Kor teve dois filhos, Garganuth e Corrach. Corrach era rude como o pai, mas
bondoso e justo. Corrach nasceu com a aparência que foi abominada pelos belos
deuses e elfos, e logo o deus bondoso se isolou nas profundezas das montanhas.
Sozinho, Corrach, abrindo mão de seu olho direito, criou seres a sua semelhança.
Corrach os chamou de Anacorrach, que na língua dos antigos deuses significa
filhos de Corrach, mas os outros deuses os chamavam de Anões, devido sua baixa
estatura. Assim como o criador, esses seres eram rudes e não gostavam da vida
que os elfos levavam e os elfos não suportavam o mau humor dos anões, então
foram habitar as montanhas na companhia de Corrach, longe das músicas dos elfos
e das companhias dos outros deuses. Garganuth era poderoso e tinha o tamanho de
uma pequena montanha, seus passos faziam a terra tremer e sua ira era quase
incontrolável. O deus era impetuoso, imprudente e incontrolável e causava
grande destruição a Kordus, então o deus foi banido para locais longínquos nos
mais altos picos para lá ficar pela eternidade.
Vandor teve um único filho: Ibenma. Assim como o pai, Ibenma era belo e de
temperamento calmo, mas quando contrariado se enfurecia facilmente. Apesar de
apreciar a companhia dos deuses Ibenma preferia se banhar nas limpas e claras
águas criadas por seu pai, onde passava a maior parte do tempo.
Tanar-Shanar teve dois filhos, Tanar-Quitir e Guilack. Tanar-Quitir, assim como
o pai, era impetuoso e inconseqüente, além disso, Tanar-Quitir também era
violento. O deus violento recebeu essa fama ao sempre provocar brigas entre os
deuses apenas por diversão. Guilack era poderoso, grande e muito forte. Seu
corpo poderoso unido a seus quatro braços faziam de Guilack um deus imbatível
em combate, tanto os elfos quanto os anões apreciavam os ensinamentos de
Guilack e esse deus passava mais tempo com as criações do que com os deuses.
Rih-Ajar teve dois filhos: Rih-Jaggar e Lys. Rih-Jaggar tinha o temperamento
tranqüilo e era muito curioso, foi o único dos deuses a caminhar por todos os
cinco cantos de Kordus, conheceu cada canto, cada árvore, cada buraco e cada
nascente, Rih-Jaggar ficou conhecido como o deus nômade. Lys era uma deusa
belíssima, a mais bela e cobiçada de todos os seres, e também muito amorosa e
carinhosa.
Vitae teve um único filho:
Tel-Bedem. Os outros deuses não sabem quem é o pai de Tel-Bedem, mas sabe-se
que não é um dos elfos. Por ser o mais poderoso dos novos deuses, Tel-Bedem era
um deus justo e usava seu poder para resolver problemas entre os elfos, os
anões e até entre os próprios deuses. Usando de seu incrível poder Tel-Bedem
pegou terra da mais profunda caverna e a jogou na nascente da mais alta
montanha de Kordus, e com uma gota de seu sangue deu vida a seres magníficos.
Esses seres eram criativos, alegres, trabalhadores e habitaram todos os cantos
de Kordus. A esses seres Tel-Bedem chamou de Homens.
Luctatum
Os homens se espalharam por cada
canto de Kordus, desde as Planícies Eternas, o Deserto do Sol, os Grandes Picos
a até as mais longínquas florestas. Usaram de sua criatividade e inventividade
para se adaptarem a todos os tipos de terreno. Mas os homens avançaram muito
tomando terrenos das árvores, dos elfos e dos anões e isso despertou a ira de
tais criaturas.
Em uma tentativa de construir uma cidade na montanha de Barlavento os anões que
ali habitavam resistiram e houve peleja. Pela primeira vez uma vida inteligente
foi tirada e do primeiro sangue derramado pelo ódio nasceu Her-Iortza-Mewk, a
sombra do mal.
Mewk se alimentou do ódio e
do sangue derramado naquela peleja e se fortaleceu. Com o poder adquirido o
senhor das sombras encheu o mundo de animais peçonhentos, criaturas da noite e
seres malignos.
Vitae, a deusa da vida se
entristeceu e se retirou para o centro de Kordus, onde chorou por longos cem
anos. Suas lágrimas salgadas encheram toda a Kordus criando inúmeras separações
de terras. O local da grande concentração de água ficou conhecido como Os Cem
Anos de Lágrimas, mas com o passar dos anos o local passou a ser chamado de
Oceano das Lágrimas. As lágrimas da grande deusa criaram vida em toda a extensão
de água, mas essa vida era selvagem assim como seu pranto. Vitae tirou dos
homens e dos anões a parte da vida eterna que lhes fora concedida e como
castigo todos iriam ter que enfrentar, mais cedo ou mais tarde, o toque gelado
da morte.
Os cinco deuses antigos
uniram seus poderes e criaram um local chamado Raw-Tath, que significa abaixo
de tudo na língua antiga. A partir daquele momento quando um ser vivo morresse
sua alma seria guiada por seres malignos criados por Mewk até o Raw-Tath para o
sofrimento eterno e Mewk guardaria a entrada e a saída para que ninguém que
entrasse pudesse sair.
Os cinco grandes deuses
criaram também por cima de Kordus um local que chamaram de Gemna, nesse local
havia palácios de ouro e rios por onde escorriam pós de diamantes. Cinco
pilares ao redor de Kordus foram construídos para manter Gemna acima das nuvens
e longe dos olhos de todos os habitantes de Kordus. Então os cinco grandes
deuses foram habitar em Gemna e dessa sustentação passaram a observar os
habitantes de Kordus. Os deuses criaram seres bondosos chamados de Inqallat,
criaturas com livre acesso a Gemna e Kordus. Os Inqallat ficaram responsáveis
em guiar as almas daqueles que merecessem um lugar em Gemna para viver
eternamente na companhia dos cinco grandes deuses.
Além do castigo criado pelos deuses
antigos, os deuses castigavam as criaturas de Kordus ainda em vida com
tempestades, relâmpagos, terremotos, furacões, neves, vulcões e tudo aquilo que
estremecesse os corações de todos os seres vivos de Kordus.
Para acalmar os deuses essas
criaturas construíram templos, estátuas e cidades inteiras em homenagem a esses
deuses e sempre ofereciam sacrifícios e adorações nesses locais. Muitas vezes
os deuses aceitavam tais oferendas e os males do mundo diminuíam, mas tantas
outras vezes os deuses negavam tais oferendas e castigavam o mundo com o pior
que tinham.
Com o mundo cheio de maldade
e injustiças Tel-Bedem escolheu o mais justo e sábio dos elfos, aquele que os
chamavam de Galionan, e lhe concedeu poderes próximos aos seus. Tel-Bedem
passou a chamá-lo de Caateo, que na língua antiga significa Protetor, e lhe deu
o dever de proteger tudo que fosse indefeso. Caateo ficou conhecido como o
protetor das matas e dos animais.
Os deuses se uniram e criaram
na mais alta montanha de Kordus um palácio do mais puro mármore branco e o
chamaram de Gholijiet, que significa na língua antiga Casa dos deuses.
Gholijiet era o local onde os deuses passavam a maior parte de seus tempos,
tramando, discutindo e festejando.
Tel-Bedem, por possuir maior
poder entre os deuses, se autonomeou líder dos deuses e nada podia ser feito
sem seu consentimento.
Os deuses abandonaram os
seres de Kordus a própria sorte, vontade e ambição deles mesmos, e até as
árvores preferiram não falar mais.
E
assim se deu a Primeira Era de Kordus.
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